O estado do Rajastão é o responsável pela explosão de cores. A capital Jaipur, por exemplo, é repleta de edifícios rosa enquanto a cidade de Jadpur é conhecida como “a cidade dos smurfs”. A explicação pela tintura azul que banha a cidade varia: alguns dizem que o azul reverenciava algum morador sagrado ou membro da alta casta do hinduismo. Outros simplificam dizendo que a cor azul, comprovadamente, servia para espantar os mosquitos.
Outra diversidade física são as mesquitas e os templos hindus. Nova Délhi foi a capital muçulmana de um país que hoje tem maioria hindu. No entanto, o budismo, o siquismo e o jainismo também encontram seu lugar. Quanto à língua, destacam-se o hindi e o inglês, sendo que há 21 línguas nacionais espalhadas pelo país.
Mas a melhor maneira de representar a existência pacífica de elementos pré-julgados como contraditórios veio em forma de prédio: o Akshardham Complex, uma espécie de Disney oriental. O parque temático hight-tech é direcionado à espiritualidade hindu e à tecnologia. Aqui, os visitantes podem andar por jardins e exibições, interagindo com aparelhos áudio-visuais. O lugar combina arquitetura tradicional com a tecnologia moderna. Nada fora do comum para um país onde camelos e carros dividem a mesma rua; homens que formam a segunda maior concentração do mundo em phD´s (atrás apenas dos EUA) usam entre os supercílios o olho astral e portam nos seus cintos os aparelhos mais modernos; boates, teatros e até um tímido movimento gay se multiplicam na grande cidade de Bombaim e Bangladore é considerado o centro em informática e biotecnologia, enquanto no estado do Rajastão podemos encontrar um templo onde ratos são venerados.
O choque é compreensível e inevitável. É fácil dizer que a Índia é um país contraditório quando não entendemos o que se passa lá e a realidade está tão distante de nós, tanto geográfica quanto historicamente. Cinco mil anos de cultura realmente não se resumem em uma hora, mas foi o suficiente para abrir um pouco os olhos e a cabeça para alguns questionamentos. Seria a convivência harmônica entre tecnologia e crenças religiosas uma ingenuidade do povo indiano? O ocidente nos diz ser. Há quem diga q o pais n vai sobreviver por muitos anos nesse equilíbrio. Eu acho isso discutível. Até porque, um país que apresentou o maior ícone da paz do mundo, um “bem” que hoje em dia tem se mostrado raro e altamente necessário, merece um mínimo de crédito. Talvez seja dessa ingenuidade que precisemos “pelas bandas de cá”.