Continuação…

26 03 2007

O estado do Rajastão é o responsável pela explosão de cores. A capital Jaipur, por exemplo, é repleta de edifícios rosa enquanto a cidade de Jadpur é conhecida como “a cidade dos smurfs”. A explicação pela tintura azul que banha a cidade varia: alguns dizem que o azul reverenciava algum morador sagrado ou membro da alta casta do hinduismo. Outros simplificam dizendo que a cor azul, comprovadamente, servia para espantar os mosquitos.    

 

Outra diversidade física são as mesquitas e os templos hindus. Nova Délhi foi a capital muçulmana de um país que hoje tem maioria hindu. No entanto, o budismo, o siquismo e o jainismo também encontram seu lugar. Quanto à língua, destacam-se o hindi e o inglês, sendo que há 21 línguas nacionais espalhadas pelo país.

 

Mas a melhor maneira de representar a existência pacífica de elementos pré-julgados como contraditórios veio em forma de prédio: o Akshardham Complex, uma espécie de Disney oriental. O parque temático hight-tech é direcionado à espiritualidade hindu e à tecnologia. Aqui, os visitantes podem andar por jardins e exibições, interagindo com aparelhos áudio-visuais. O lugar combina arquitetura tradicional com a tecnologia moderna. Nada fora do comum para um país onde camelos e carros dividem a mesma rua; homens que formam a segunda maior concentração do mundo em phD´s (atrás apenas dos EUA) usam entre os supercílios o olho astral e portam nos seus cintos os aparelhos mais modernos; boates, teatros e até um tímido movimento gay se multiplicam na grande cidade de Bombaim e Bangladore é considerado o centro em informática e biotecnologia, enquanto no estado do Rajastão podemos encontrar um templo onde ratos são venerados.

 

O choque é compreensível e inevitável. É fácil dizer que a Índia é um país contraditório quando não entendemos o que se passa lá e a realidade está tão distante de nós, tanto geográfica quanto historicamente. Cinco mil anos de cultura realmente não se resumem em uma hora, mas foi o suficiente para abrir um pouco os olhos e a cabeça para alguns questionamentos. Seria a convivência harmônica entre tecnologia e crenças religiosas  uma ingenuidade do povo indiano? O ocidente nos diz ser.  Há quem diga q o pais n vai sobreviver por muitos anos nesse equilíbrio. Eu acho isso discutível. Até porque, um país que apresentou o maior ícone da paz do mundo, um “bem” que hoje em dia tem se mostrado raro e altamente necessário, merece um mínimo de crédito. Talvez seja dessa ingenuidade que precisemos “pelas bandas de cá”.

 

 





Conversa de bar #1

22 03 2007

Você já parou para pensar em quantas coisas acontecem no mundo – ou mesmo do nosso lado – e a gente nāo tem a minima noçāo de que isso está acontecendo?
A cada dia eu me assusto mais com informaçōes que chegam, assim meio perdidas, até nós e que a grande maioria da populaçāo nāo tem a minima noçāo que tá acontecendo.
Ou pior, que sabemos que está acontecendo, mas poucas vezes realmente entendemos e absorvendo a situaçāo.

Hoje a CNN – canal de jornalismo da televisāo americana – mostrou uma reportagem sobre as crianças que vivem na prostituiçāo na Camboja.

Crianças prostitutas existem em todos os lugares, e a gente nem precisa chegar a África, mas nāo é por causa nessa “constancia”, que devemos passar a acreditar que isso é normal.
Quantas vezes lembramos da existencia de países como a Camboja? Até em brincadeiras como Stop ou Adedanha, é mais fácil lembramos de Canada ou/e China.
Essas crianças – meninas de 5/6 anos de idade – sāo vendidas para o trabalho sexual, muitas vezes, pelos próprios pais. Algumas sāo vendidos pelo “alto preço” de US$ 100, mas alguns chegam a ser vendidos por US$ 10, um valor local que equivaleria a menos de 30 reais!
Nāo é questāo de fulgar as familias que vendem essas crianças, mas de pensar no desespero que se precisa estar para vender sua filha por R$ 30 para que ela seja um escravo sexual, em um bordel da regiāo.
Para quem quiser ler um pouco mais sobre a matéria da CNN, fica o link. Infelizmente ele está todo em inglês, até porque dele saem vários outro links bem interessantes também.
Girl, 6, embodies Cambodia’s sex industry

A verdade é que essa realidade – que há muitos queremos acreditar ter sido irradiada – ainda existe. Debaixo de nossos narizes ou um pouco distante deles.
Só acredito que chegou a hora de pararmos de fechar os olhos para tudo isso. Parar de fingir que nāo acreditamos que isso ainda acontece. Parar de nos indigar cada vez que o assunto é colocano a tona, como se fosse uma grande novidade.
Entendo que sozinho nāo se muda o mundo. E que muitas vezes sentimos que nāo há muito que possamos fazer. Mas o primeiro passo é fazer tudo isso – tudo que acreditos estar irradiado, mas que na verdade só está escondido debaixo do tapete – visivel. BEM VISIVEL!
Talvez esse seja o nosso trabalho. Nāo importa qual seja a realidade que necessite vir a tona. É hora de parar de esconder a sujeira e fechar os olhos para aquilo que acreditamos nāo podermos mudar.
Nem que tudo acabe numa conversa de bar. Passe adiante. Por mais cliche que possa soar.

Mudando de assunto…
Hoje passei pelo centro de Sāo Paulo com a Sara. Fomos a BOVESPA, a um mirante – onde dá pra ver a cidade – que é no topo de um prédio onde costumava ser um banco (sim, eu esqueci o nome), andamos um pouco pelo centro, almoçamos em um vegan tranquilo. Sempre muita coisa pra ver e muita gente a andar.
Dica: pra quem tiver em Sāo Paulo, ou qualquer outro lugar em que a exposiçāo vá passar, nāo deixe de ver a Ascension, do Anish Kapoor. Nāo é uma exposiçāo grande, as peças nāo sāo muitas, nem espetaculares. Mas sāo simples o bastante pra te perguntar “o que é isso?”. Até a Sara, que é da área de biomédica, viajou um pouco no conceito. Se alguém vir, e passar por aqui, deixe o comentário pra saber se a gente pescou a mesma coisa. Hahahaha.
Aqui em SP a exposiçāo tá no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil). Mas eu nāo sei por onde mais ela passará. Vale a pena dar uma olhada nos guias da cidade.